Arrancou no Porto novo partido europeu que quer “virar o jogo e dar força à esquerda”

O primeiro congresso da European Left Alliance (ELA) foi realizado no Porto, este fim de semana. O novo partido europeu co-liderado por Catarina Martins estreia-se com o lançamento de uma iniciativa legislativa cidadã que pretende suspender o envio de armas da União Europeia para Israel.

A European Left Alliance é liderada por Catarina Martins (Portugal) e Malin Björk (Suécia). Foto: Fernanda de Souza

A Alfândega do Porto foi palco do primeiro congresso da European Left Alliance (ELA). Na sexta-feira (13) e no sábado (14), vários líderes partidários da esquerda europeia estiveram reunidos na Invicta para o arranque do novo partido europeu liderado por Catarina Martins e Malin Björk, eurodeputada sueca.

Como principal proposta aprovada no congresso, destaca-se a apresentação de uma iniciativa legislativa cidadã com o objetivo de parar o envio de armas a Israel, por parte da União Europeia. Para que esta iniciativa possa ser levada a Bruxelas, são necessárias um milhão de assinaturas.

No discurso de abertura, Catarina Martins destacou a vontade dos partidos integrantes da aliança de “aprender em conjunto” e afirmou que a ELA quer “virar o jogo e dar força à esquerda e aos povos”.

Ao JPN, a eurodeputada do Bloco de Esquerda realça “que o caminho da extrema-direita que Portugal está a viver agora, foi vivido noutros países da Europa mais cedo. E, portanto, Portugal precisa muito de aprender com quem já viveu isto para conseguirmos reagir.”

O combate à extrema-direita é um dos pontos de destaque no programa do partido. “A extrema-direita e a direita neoliberal têm condicionado todo o debate público, e a esquerda tem de se organizar para que o debate público possa ser posto em novos termos. Trocar os nomes, trocar os termos do debate, virar o jogo. Esse é o nosso trabalho”, afirmou a eurodeputada ao JPN.

A hora “da esquerda verde feminista”

A criação deste novo partido europeu surge de um caminho iniciado em 2018 com a plataforma política “Agora o Povo”. Catarina Martins explica ao JPN que perante “o avanço” e a “capacidade de articulação da extrema-direita”, assim como “a cedência dos Socialistas e Democratas, e também dos Verdes, a este acordo com a direita e até com a extrema-direita”, os partidos fundadores do ELA consideraram “que era fundamental” a criação de “um espaço de articulação para aprender uns com os outros, para que a esquerda possa ficar mais forte e possa responder às necessidades das populações”.

A co-presidente confessa que “já há muito tempo” sentiam “a falta de um espaço da esquerda verde feminista”, e que a European Left Alliance é sinónimo disso. “Já há um espaço da esquerda e há um espaço dos Verdes, mas os Verdes têm feito parte da coligação da Ursula von der Leyen e, portanto, foram-se distanciando cada vez mais do que podia ser um espaço de esquerda. E, por outro lado, há partidos à esquerda que estão mais distantes desta visão de uma esquerda verde feminista, anti-racista, que para nós é tão importante”, esclarece Catarina Martins.

No primeiro congresso do novo partido, estiveram presentes representantes dos sete partidos fundadores – Bloco de Esquerda (Portugal), France Insoumisse (França), Enhedslisten (Dinamarca), Podemos (Espanha), Razem (Polónia), Vänsterpartiet (Suécia) e Vasemmistoliitto (Finlândia) – assim como de partidos europeus convidados – Déi Lenk (Luxemburgo), Die Linke (Alemanha), Mozemo (Croácia) e Sinistra (Itália) – e convidados de outros partidos e movimentos sociais internacionais – Al-Haq (Palestina), Comunes (Colômbia), DEM (Turquia), PSOL (Brasil), ETUC (confederação sindical europeia), Fundação Rosa Luxemburgo (Alemanha) e Sotsialnyi Rukh (Ucrânia).

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