80° aniversário do Cineclube do Porto num "ano de reinvenção"

Sessões regulares do Cineclube vão sair da sala principal devido a obras no edifício. O JPN falou com Ana Carneiro, atual presidente da associação, sobre o futuro do cineclube mais antigo do país.

Cineclube do Porto tem duas sessões por semana na Casa das Artes. DR

Em abril celebram-se os 80 anos do Cineclube do Porto. Ana Carneiro, a atual presidente da direção, esteve à conversa com o JPN sobre os desafios e o futuro da associação.

A presidente revela que vão "entrar numa fase mais engraçada", porque o edifício da Casa das Artes, que já acolhe o cineclube há 10 anos, vai fechar para obras e será necessário encontrar "outras maneiras de estar com o público e os associados".

"Fechar a Casa das Artes é também o fecho de um ciclo. Estamos há dez anos contínuos aqui", recorda Ana Carneiro, acrescentando que este será um "ano de reinvenção".

O destino das sessões regulares ainda é incerto. "Se calhar agora passamos para outra coisa, e podemos voltar [à Casa das Artes] quando abrir. Isso ainda não é certo. As obras vão demorar muito tempo e só depois delas serem concluídas é que saberemos", explica Ana Carneiro, acrescentando que esta será uma "oportunidade para explorar mais a cidade e encontrar soluções".

Desde 2014 que o Cineclube do Porto não tem uma sede, após ter saído da Rua do Rosário, devido ao "grande estado de decadência" do espaço que funcionava como "um ponto de encontro entre as pessoas", uma vez que estava aberto ao público fora do horário das sessões de cinema. Ana Carneiro confessa que não ter um espaço físico próprio "dificulta a relação que se vai tentando criar com o público".

A presidente da entidade vê este aniversário como "uma data que merece ser celebrada", mas que não se deve "refletir só sobre o passado", sendo importante "perceber o que se pode fazer para uma associação do futuro", de forma a solucionar "os desafios que temos tido".

Ana Carneiro observou uma "transformação dos públicos" na pandemia, tendo notado "uma quebra muito grande", que atribui à "falta de hábito de ir às salas". A presidente refere o papel do streaming nesta transformação, uma vez que "o tipo de programação [do Cineclube] passa muito mais rapidamente para o streaming ou até já está numa plataforma na altura em que estreia nas salas",e "isso mudou realmente o público". Para a presidente, "uma das grandes lutas" do cineclube é "passar a ideia de que os filmes têm que ser vistos em sala".

Ana Carneiro avançou ao JPN que a parceria com o Cinema Batalha vai ser renovada, dando continuidade às Matinés do Cineclube. "A parceria dá-nos muita visibilidade porque eles têm uma capacidade de comunicação muito grande e isso é muito importante.", acrescenta a presidente.

Apesar de ainda não haver informação sobre como será assinalado o aniversário da entidade, Ana Carneiro avança que já têm "algumas ideias" e que estão "a contactar alguns parceiros para fazer uma celebração condigna", conclui.

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